(2) Fundamentos histórico-culturais da atividade co-laborativa É importante revelar que o entendimento do processo de construção co-laborativa do conhecimento cuja ênfase recai em suas origens sociais e históricas, isto é, num conhecer orientado inicialmente no sentido do coletivo para o sujeito, não emerge apenas com o amplo uso instrumental das mídias telemáticas na Educação nem tampouco constitui uma abordagem "nova" aos processos de aprendizado e desenvolvimento humanos. Trata-se de uma perspectiva que, embora esteja sendo cada vez mais adotada por estudiosos para o exame das complexas relações entre Educação e Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), [1] inaugura-se já na década de 1920 do século passado com a formação da escola russa de psicologia - também conhecida como psicologia sócio-histórica e psicologia histórico-cultural ou ainda psicologia cultural. Iniciada por Vygotsky [2] e posteriormente desenvolvida por Luria [3] e Leontiev [4] - entre muitos outros cientistas russos - a psicologia histórico-cultural defende que o aprendizado e o desenvolvimento tipicamente humanos só podem ocorrer a partir da internalização (interiorização) das funções interpsíquicas (entre sujeitos). Estas funções interpsíquicas são co-laboradas (construídas conjuntamente) e mediadas por ferramentas concretas (machado e computador, por exemplo) e instrumentos psicológicos de natureza imaterial (como é o caso do uso de signos na comunicação e pensamento verbal). Na perspectiva cultural de interpretação do desenvolvimento humano portanto é a partir das complexas interrelações sociais (microgênese) e históricas (macrogênese), obrigatoriamente MEDIADAS pelo uso instrumental das ferramentas e signos ao longo da filogênese (percurso evolutivo inter-espécies) e da ontogênese (percurso desenvolvimental intra-espécie), que se criam enfim as condições materiais e imateriais para a co-laboração das funções psíquicas "superiores" ou funções psíquicas culturais (a mnemotécnica, a imaginação criadora, a percepção descolada do campo perceptivo sensorial do sujeito, o pensamento verbal, por exemplo). [5] Os saberes práticos, as (in)formações e os conhecimentos empíricos e científicos co-laborados e em co-laboração pelo sujeito só podem ser viabilizados unicamente através da MEDIAÇÃO CULTURAL (ferramentas e signos) - que interpõe-se necessariamente entre TODAS as suas interações sociais nos diferentes coletivos (nível interpsíquico) nos quais ele/ela atua e com os quais dialoga e se relaciona. Unicamente assim, a partir da imersão do sujeito em variadas comunalidades de práticas coletivas, a pessoa pode conferir uma significação compartilhada a essas construções co-laboradas, apropriar-se do seu significado original e enfim conseguir ressignificá-las livremente (nível intramental) co-laborando novos, originais e imprevisíveis sentidos num processo initerrupto e que não tem fim. Concepções sócio-históricas e culturais da atividade co-laborativa de/em e-coletivos tem emergido e trafegado em muitas comunidades de aprendizado na/em Rede particularmente no Brasil. [6].
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