(1) A co-laboração na/em Rede Estamos interconectados com o mundo. É essa a sensação que temos ao sermos bombardeados de informações que são veiculadas pelas diferentes mídias impressas, sonoras, televisivas e telemáticas. A Galáxia de Gutemberg vem sendo, nos últimos quarenta anos, invadida por uma nova forma de comunicar, de produzir conhecimentos e saberes - a comunicação através das redes digitais e, em especial, da Internet [1] que, desde as experiências iniciais da Arpanet (EUA) e do Minitel (França), vem crescendo vertiginosamente. Isso torna impossível apontar, nesse momento, dados numéricos deste crescimento que está em constante mutação. A aldeia global, concebida por McLuhan e Powers, [2] nas décadas de 1960 e 1970, possui hoje uma outra configuração, muito mais interativa, possibilitando a emergência das chamadas comunidades de aprendizado. Para Rheingold, [3] essas comunidades se constituem em agregações sociais que surgem na Internet formada por interlocutores invisíveis que podem ter interesses que vão do conhecimento científico ao conhecimento espontâneo, utilizando esses espaços para trocas intelectuais, sociais, afetivas e culturais, permitindo aflorar os seus sentimentos, estabelecendo teias de relacionamentos, mediadas pelo computador, conectados na/em Rede. Ainda segundo ele, as pessoas nas comunidades virtuais fazem quase tudo o que as pessoas fazem na vida real, mas deixam para trás nossos corpos. Estes ambientes, que surgem na década de 1970, são potencializados hoje pela Internet, caracterizando uma nova forma de viver que, no dizer de Turkle, [4] seria a "vida na tela". Nestes últimos tempos, o computador tornou-se algo mais do que um misto de ferramenta e espelho: temos agora a possibilidade de passar para o outro lado do espelho. Estamos a aprender a viver em mundos virtuais. Por vezes, é sozinhos que navegamos em oceanos virtuais, desvendamos mistérios virtuais e projetamos arranha-céus virtuais. Porém, cada vez mais, quando atravessamos o espelho, deparam-se-nos outras pessoas. A emergência destas comunidades pode configurar o que Lèvy [5] denomina de uma inteligência coletiva, que se constrói no ambiente da/em Rede , mediante uma necessidade pontual dos seres humanos, que intercambiam seus saberes, trocando e construindo novos conhecimentos, estabelecendo, assim, laços virtuais, auxiliando os seus membros no aprendizado do que desejam conhecer. Esta inteligência, para ele, não prescinde da inteligência pessoal, do esforço individual e do tempo necessário para aprender, pesquisar, avaliar e integrar-se a diversas comunidades, sejam elas virtuais ou não. Tranqüilizando os apocalípticos, Lèvy pontua que a Rede jamais pensará por nós.
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