O Grupo Comunidades Virtuais UNEB foi criado pela profª Lynn Alves em 2002, vinculado inicialmente ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia. Em 2015, considerando sua notável contribuição na área da cultura digital, especialmente dos games, foi criado o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Comunidades Virtuais com o objetivo de pesquisar mas também fomentar tecnologias e práticas inovadoras que contribuam nos diversos cenários de aprendizagem. Em 2018, o Comunidades Virtuais UNEB passou a estar vinculado ao Departamento de Ciências da Vida e vem desenvolvendo ações relacionadas à implantação do laboratório de inovação em saúde e educação (InSaúdeEdu+) que destina-se a potencializar experiências de inovação tecnológica e social no âmbito da saúde e educação, contemplando as áreas de ensino, extensão e pesquisa dos cursos de graduação e pós-graduação na UNEB.
Abaixo indicamos as investigações em andamento no grupo de pesquisa:
Os app digitais em associação com as pessoas que se automonitoram e medem suas atividades e funções corporais produzem novas conexões e corpos ciborgues. Para a teoria ator-rede (TAR) somos o efeito dessas conexões entre atores humanos e não humanos. Deste modo, é possível pensar que os app e os usuários se associam, formam redes sociotécnicas, interferem e sofrem interferências constantes. E como efeito desta conexão surgem um corpo e um cuidado de si. Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar o processo de agenciamento entre as mulheres cis/homens trans e os aplicativos de monitoramento do exercício físico e do ciclo menstrual, suas conexões, produções de corpos e o resultado disso na prática do cuidado de saúde a partir das múltiplas realidades performadas. Trata-se de um estudo de investigação exploratório que mescla diferentes tipos de metodologia, sendo elas: mapeamento sistemático, revisão sistemática da literatura, entrevistas semi-estruturada apoiada no método cartográfico e análise de usabilidade dos aplicativos. O desejo desta pesquisa é problematizar as diferentes versões de corpo e de cuidado de saúde que surgem a partir das conexões estabelecidas, versões estas que os app ajudam a performar. E, ao compreender estas realidades múltiplas podemos aprofundar os diálogos de como a medicina e a saúde pública podem melhor utilizar esses app como estratégias na busca pela saúde.
A dor é reconhecidamente um fenômeno multifatorial onde sua intensidade e suas expressões compreendem diversos fatores etiológicos, afetivos, sensoriais, cognitivos, comportamentais e socioculturais. Terapias não-farmacológicas envolvendo a utilização de
dispositivos tecnológicos estão sendo usadas cada vez mais como um complemento para os cuidados padrão. A distração cognitiva tem sido implementada e estudada com a intenção de proporcionar mudança no modo como a dor é percebida pelo indivíduo. Neste contexto, a realidade virtual compreende uma técnica inovadora que permite ao indivíduo ser transportado para uma realidade diferente da qual ele está inserido, o que promove a distração de seus sentidos reais. Essa distração modula a atividade cerebral, modificando a forma como ele interpreta a dor. O objetivo geral é analisar a experiência de utilização da realidade virtual como método de distração cognitiva em crianças durante o cuidado de enfermagem em procedimentos dolorosos em hospitais públicos. Trata-se de um estudo controlado não randomizado, do tipo série temporal interrompida com um grupo.
A Lei nº 10.639/2003 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, no entanto, a maioria das escolas não vem cumprindo esta lei federal. Uma escola que não se compromete efetivamente com a diversidade dos sujeitos em sociedade, acaba por reproduzir as desigualdades e as violências presentes nesta sociedade. Fica evidente a necessidade de, no âmbito epistemológico, se buscar a vivência de uma prática pedagógica outra nos processos formativos, por isso apostamos na abordagem afrocêntrica e afroperspectivada que pressupõem a localização e a agência para uma mudança de paradigma. Este projeto tem como objetivo geral estudar as possibilidades e as contribuições dos jogos africanos e afro-brasileiros (tradicionais e modernos) mediarem conteúdo étnico-racial nos processos educativos em distintos espaços de aprendizagem com vistas a fomentar a descolonização epistemológica e didática, propondo também o desenvolvimento de ambientes interativos digitais e analógicos a partir de um olhar afrocêntrico e afroperspectivado.
Na sociedade contemporânea, as tecnologias digitais desempenham um importante papel possibilitando a comunicação entre sujeitos em diferentes partes do mundo e dentro desse contexto, é impossível não pensar na inserção dos recursos tecnológicos também nos processos educativos. As plataformas digitais e redes sociais se proliferaram e se transformaram no modo mais prático e fácil de difundir informação e realizar interação durante o distanciamento social, incluindo diferentes temáticas da área da saúde. Em meio às muitas páginas e sites que abordam temas técnicos da saúde, que discutem sempre as questões de fisiopatologia, farmacologia, técnicas invasivas, entre outros tantos assuntos que subsidiam os alunos na tomada de decisão durante o cuidado imediato, percebemos uma ausência de espaços que abordem o cuidado em saúde a partir de uma perspectiva étnico-racial. O objetivo desse projeto é criar espaços de aprendizagem sobre o cuidado em saúde a partir de uma perspectiva étnico-racial africana e afrodiaspórica utilizando as redes sociais e plataforma sociais, de modo a possibilitar uma reflexão sobre a transversalidade, a interseccionalidade e a intersetorialidade da dimensão racial nas políticas públicas, fomentando uma formação em saúde a partir da lógica contra-colonial de saberes e práticas.